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sexta-feira, julho 02, 2004

Vou de mota...



Blusão vestido, botas calçadas, capacete e luvas numa mão, a chave na outra! Um dia quente de sol! Ignição! O Motor a ronronar, o capacete apertado no queixo, as luvas calçadas, primeira... E lá vou eu...

O calor que se fazia sentir debaixo do equipamento dissipou-se com o ar a passar à minha volta! É sempre assim! Ao fim de poucos metros já me sinto outro! Agora é só preciso ter muita atenção! Muito cuidado! O trânsito desordenado, os semáforos, a sinalização, são tudo coisas com um sentido diferente de quando se anda de automóvel!!!! Um toque por trás, um raspão de lado, um buraco, um cão, um passeio, são tudo coisas que num automóvel podem apenas não passar de um arranhão, mas que numa moto significam uma queda! Da viatura e do condutor! E o problema é que quando o condutor está caído no chão, fica normalmente no meio do trânsito, sujeito a ser colhido por qualquer outra viatura que passe!

Quando vou em cima de uma moto, não acredito nos semáforos verdes, não acredito que a prioridade é de quem se apresenta pela direita, não posso acreditar nos pisca-piscas que vejo, nem posso descansar na regra de que quem bate por trás é o culpado!

Quando ando de moto, não há responsabilidade civil que cubra os danos na minha integridade física, por isso tenho que conduzir por mim e adivinhar o que vão fazer os outros utentes de estrada! Já estou treinado para adivinhar quem vai a falar ao telemóvel, quem vai a trocar o CD de música, quem vai perdido e muda de direcção em qualquer faixa ou cruzamento.

Andar de moto é um exercício permanente de atenção! Um desafio aos sentidos! Um risco calculado! Um risco que aumenta com a intensidade do trânsito, com a sinuosidade da via, com as más condições meteorológicas e com o cansaço! Como recompensa, tenho a facilidade de demorar muito menos entre dois locais, não ter que me preocupar com o estacionamento, e de me sentir mais em contacto com a natureza!